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Eu sou um pouco de solidão, um pouco de negligência, um punhado de reclamações.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Roubar estrelas

A noite estava recheada de estrelas, como se alguma criança tivesse derramado um pote cheio de purpurina no céu. Amanda estava tranqüilamente deitada sob a grama. Aquele lugar era o seu esconderijo predileto. O único ruído possível de escutar era dos grilos, e das folhas secas que caiam. Um motivo especial a levara estar ali: roubar estrelas. Acreditava aquela moça, que aqueles pequenos pontos luminosos eram tesouros para serem garimpados por olhares. Tinha ela uma prateleira cheia de estrelas em sua memória, cada qual com um significado singular. As horas passaram, e Amanda continuava deitada colecionando os brilhos que se refletiam em seus olhos negros. Prestes a ir embora, um rapaz distraído por pouco não caiu encima de Amanda deitada.
– Desculpa menina, disse ele gaguejando as letras.
– Ah.... – recobrava-se do surto que levara – Quem é você? Nunca te vi por aqui.
– Você está olhando o céu também , não é?
– Você não me respondeu.
– Sou alguém que você não conhece, ora.
– Sequer me conheço, mas tenho nome.
Foi naquele momento que ela conheceu Gabriel. Ele estava ali porque era um apaixonado pela a Lua, e hoje sua presença contemplava aquele local. O silêncio tornava-se maior a cada segundo, estavam um perto do outro, porém o fascínio de cada um mirava para um caminho diferente. Ambos se desconcertaram com aquela situação embaraçosa: desconhecidos compartilhando uma vista. Então foi nesse momento que ele decidiu quebrar o silêncio, e a perguntou:
– Menina, está olhando para o quê?
– Para as estrelas.
– Estou para a Lua. Isso me fascina desde pequeno, não consigo tirar os olhos dela. Ela é a ausência, a renovação, solidão – um olhar recheado de dúvida tomou conta do seu semblante – mas e as estrelas? Não consigo decifrar algum significado especial.
– Vou te contar um segredo, posso?
– Pode.
– Eu roubo estrelas.
– Como? – ele não entendia aquelas poucas palavras sem sentido.
– Roubo-as do mesmo modo que o tempo me roubou de mim.

(silêncio)

Questionamento

" Querido menino que está a ler essa primeira linha. Diga-me o que aconteceste em tua vida, e a razão por qual diz-se cansado de respirar. Alguém o machucou, ou o teu próprio questionamento o fez mal? Tu reclamas tanto da vida, mas ela é para você a melhor das distrações efêmeras. Escuto o tempo inteiro os mesmos dizeres. “Não a pedi, então por que hei de estar aqui?” Não confundas ela com um escravo de ti. O único escravo aqui é você.
Sei que a sua curiosidade é insaciável, e teus olhos são fugitivos. No entanto, metade do que um dia foi nem tu podes lembrar-se; sua mente não é capaz para tal, e isso foi em tão pouco prazo. Comece a contentar-se com a limitação do teu ser. Isso é difícil para tu não és?
Vejo-o consternado diariamente, porque o ludibrio da sociedade não o prende mais.
Vou lhe contar meu segredo para sobreviver: Não sobreviva.
Bela contradição, não? A desistência é o ápice da luta; até mesmo quando tuas armas são jogadas no chão, ganhaste uma engenhosa luta contra si mesmo.
Em suma tudo isto foi o único modo que pensei para – na última linha, últimas palavras, no final do começo – dizer-te que não és o único que sente esvaziar-se transitoriamente; sendo mais uma vítima do próprio congestionamento de pensamentos.

Lembre-se: “Se tu esvazias é porque tem o mundo dentro de si. E não o contrário”.

Agora o pouparei de minhas palavras desvairadas, com amor Jude."

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Pobre consciência

"Reguei-me dos olhares infortúnios;
Das vozes indecifráveis;
Dos olhares irreconhecíveis.
Provei da cor, amor, dor
E dos meus medos invisíveis.

Reconheci um olhar ausente,
Feito do vazio.
Decifrei aquele reflexo,
Feito um pouquinho do desconhecido
E dos mares que já tinha visto.

Deixou-me com perguntas soltas,
Foi embora através da dúvida
De não conseguir viver.
Tu fostes banalizado
Porque não soubera entender
Que a vida é apenas a ilusão do cego,
E não é feita para permanecer.

Segui minha pobre consciência,
que hei de nunca realmente tê-la;
mas até o dia que realmente a encontre
farei versos com minha falta de onisciência."

Minha pequena segunda-feira

Desejei de olhos fechados adormecer novamente. Agarrei forte o lençol e o mantive entre meus dedos.
Perdi uma porção de números em meu relógio apenas para continuar por ali.. Sempre fora difícil acordar. Não por motivos óbvios, mas por simplesmente preferir a minha própria ausência. Sonhos? Não me lembro à última vez que os tive, e gostava desse fato. Eu preferia meu Ego calado sem debater-se contra seus próprios conceitos.
Em um súbito abri os olhos, levantei da cama, abri a cortina.
Olhei disfarçadamente para um homem que assobiava alegremente pela rua enquanto levava pão. Vi crianças correndo brincando de pique-pega. Dois passarinhos voavam um atrás do outro pela árvore. E eu estava ali observando como estivesse analisando seus segredos, ou a inutilidade do dia que seguia para eu mesma e para tantas outras pessoas.
Pressionei meu corpo pela parede e o deixei cair no chão. Fraquejei. Abri a palma da minha mão, e analisei por minutos aquelas linhas. Ri comigo mesma.
Tenho marcas por todo meu corpo, no entanto as mais profundas são imperceptíveis à qualquer olhar.
Liguei a TV, selecionei um canal. Passou comercial de cosméticos, carro, sabão em pó, celular. Todos aqueles comerciais tinham algo em comum: Se você os tivesse seria feliz, ou você é um animal irracional. Eu encontrava apenas excesso de informação banal, e pessoas sorridentes. Suspirei. “Talvez o problema todo sou eu
Estúpido dia de segunda-feira.

Andei sem rumo pela a minha rua, deixando em cada passo um sorriso infeliz brutamente largado ao chão.
Alguém pode os ver e guardar consigo... Espero que use-os.


E o pôr do sol me deixou emocionada no fim de mais um dia. Porque a vida não passa de despedidas rotineiras.
"Apesar de eu saber que amanhã irei ver o sol novamente, sei que em um amanhã, será eu que o raio do sol não irá mais encontrar."

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Sinais da minha mudança de humor

"Lembro-me ser boa em usar palavras para simular personagens em cada texto, mas ultimamente não consigo ao menos me descrever. Não consigo me explicar, não consigo usar sequer uma vírgula para continuar esse pequeno parágrafo. Porra, ta me rasgando muito aqui tentando dizer um porquê. A verdade é que eu era feliz pela ignorância. Agora dispenso qualquer letra que um dia foi desperdiçada com meu mundo fútil."

terça-feira, 13 de julho de 2010

Apenas um desabafo.

Preciso tanto encontrar um meio. É isso que me falta, “meio”. Penso tanto no passado, e me dói suspirar a palavra futuro. Eu não queria estar tão desacreditada das pessoas, mas estou. Como continuar assim? Posso contar nos dedos às pessoas que não se encontram nesse meio. Esse meio que é o Agora. Entre o começo e o final da existência de cada ser. Nada faz sentido. Me diz como posso levar a sério uma vida onde um papel com símbolos, é capaz de traçar o destino de uma pessoa? É isso que ocorre se você não tem dinheiro, você é desprezado, humilhado, e sua liberdade na verdade é não ter liberdade, porque você não será ouvido. Não é o Mundo que precisa mudar, nunca foi! É esse nosso maldito costume de “Riqueza”. Todas as pessoas deveriam ter um pedaço de terra, poder usar os recursos naturais para sobreviver e não simplesmente por ganância. Todos deveriam poder se locomover para onde quisesse sem precisar pagar por isso. Nós precisamos evoluir, nada melhor do que conhecermos a nossa espécie. Eu gostaria de conhecer cada pessoa que há nesse Mundo, porque eu sei que ia me acrescentar no lugar onde se encontra meu vazio.


Me sinto sozinha, porque pensar nunca foi tão banalizado como é agora. Ou sempre foi e eu não sabia...

domingo, 11 de julho de 2010

Auto-definição

"Aquela menina magricela, com o sorriso estampado no rosto, olhar perdido, e uma porção de palavras dispensáveis que um dia te fez rir. Ninguém pensa no porquê daquele sorriso – que motivo a teria de sorrir? E por que tem um olhar tão perdido assim? – É porque ela procura razões, e precisa sorrir para se sustentar em um outro sorriso. Todo o dia de manhã ela olha para o céu e seus olhos inundam-se de uma tristeza inexplicável. Porque ela queria ter asas e voar por aí. E em cada lugar que ela passasse levaria de lembrança os sonhos de desconhecidos, embrulhariam eles para si própria e se presentearia. Faria dos sonhos alheios, o seu próprio sonho. Um sonho que ninguém entende. A verdade é que ela apenas queria ver menos dor no mundo, e por isso carrega em si toda a dor que encontra – e o vazio se torna cheio nela, mas quem quer ser cheia de dor dentro de si? – Antes de adormecer, procura a estrela mais distante e coberta de nuvens, porque também se vê nela. Pega sua boneca de pano, abraça-a com todo seu carinho, como se aquilo fosse o mundo em seus braços. Adormece. E pobre menina... Acorda no dia seguinte com aquele sorriso bobo disfarçando a sua rotina, até o dia que encontrar alguém que a roube de si mesma."