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Eu sou um pouco de solidão, um pouco de negligência, um punhado de reclamações.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Final do dia

Fácil é mudar a cor de cabelo, difícil é retirar o cansaço do olhar. Finais de dias são angustiantes para mim. Quantos mistérios em cavernas eu perdi estando trancada em meu retiro de férias interno? Quantas risadas compartilhadas eu perdi enquanto fiquei assistindo filme de comédia sozinha em meu quarto? Quantos dias vão vir e passar igualmente aos outros da semana? Essas perguntas passam pouco à pouco na vitrine dos meus pensamentos. Deixo em leilão caso alguém se interesse em comprar uma dessas minhas indagações. Se elas não valerem nada, nem dinheiro, nem tempo, doarei elas às 4 direções! Apenas quero que as levem para longe de mim. Desde do dia que percebi que meus braços não alcançariam mais que os livros de minha estante, tenho tentando controlar a minha ânsia de desejar colher as estrelas e distribuir para olhares cabisbaixos. Sabe, faz um tempo que desisti de usar maquiagens para esconder os sinais de um pesadelo noturno que tenho quase todos os dias da semana. Também não encontro mais roupas que caibam em meus sonhos. Mas nem tudo está tão desajustado! Escutei uma das minhas músicas prediletas hoje na rádio. Take me out tonight/Where there's music and there's people who are young and alive. Me encontro cantarolando aqui, repetindo inúmeras vezes a parte que diz "me leve para sair essa noite". Estou precisando ir para um lugar calmo, com árvores gigantes, folhas secas espalhadas e uma grama tão fofa como um travesseiro. Então eu deitaria ali e nada restaria além do barulho dos grilos me aconselhando a ser menos sensível ao mundo. Na verdade não preciso de tanto. Me contentaria com algum ombro, mas ressalvo que precisaria ser à prova d'água. Dias como os de hoje são dias perfeitos  para transbordar antes que a gente se afogue tentando nadar nos questionamentos da própria vida. O que você faz em dias como esse? 


P.S: Aceito barquinhos de papel quando meus olhos se transformarem no mar.


quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Quarta-feira de dezembro

É tão bom ser acordada por uma raio de sol em meu rosto como se estivesse recebendo um beijo de bom dia. Faziam meses que eu não sabia o que era isso. Eu estava acordando tão cedo, que eu podia contemplar o momento mais infeliz da lua, um quase-dia em que não há estrelas, apenas ela, metade apagada no céu, solitária. Passar mais de 60 minutos depois de uma noite mal dormida dentro de um ônibus lotado, com pessoas estressadas pelos infortúnios da vida, outras desatentas pelo sono, outras preenchendo espaço sem saber porquê estão indo para onde estão indo, dava uma crise existencial que só passaria após um açaí ou um belo final de semana de sol em uma praia.  Posso dizer que à partir de agora, serei acordada pelo sol, poderei me espreguiçar em minha cama, me enrolar novamente no lençol e sentir o cheiro do pão vindo da cozinha. Na realidade, isso tudo me trás uma falsa alegria que me faz sentir ansiosa pelo não sei o quê. Essa sensação de tirar férias de tudo (e até de você mesmo), depois natal e Ano Novo, vem junto com uma breve certeza que que nada vai mudar tão bruscamente no final das contas. Mas acredito que vai, ou pelo menos finjo. Eu quero voltar a ser mais sã com a realidade. Não estava dando certo essa mudança de rotina aliada com a minha esquisita vontade de querer fazer minha vida parecer com um conto de Monteiro Lobato. Aliás, vou começar a fazer aulas de dança. Quem sabe no último mês do ano eu aprenda a não tropeçar nos ventos contrários da vida. Quem sabe eu também pare de ser tão impulsiva à ponto de não saber mais quem eu sou. Quem sabe eu consiga me calar diante daquele sorriso que estranhamente conseguiu me encantar. Quem sabe.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Balanço

Eu gosto de me sentar no balanço, fechar os olhos e me balançar até o mais alto que eu posso. Me permito acreditar, por mais breve que seja esse  momento, que eu estou voando, e nada mais importa além do vento acariciando meu rosto, dos meus pés flutuando  no ar, dos fios do meu cabelo dançando.
Fico me imaginando em um lugar relativamente distante, não tanto quanto a lua e nem tão perto como a esquina. É um lugar em que se resolvem problemas ao se balançar. ( Você pode fazer isso em qualquer parque, não precisam ser os novos, os antigos também servem, mesmo se tiver cores sombrias.) O que realmente importa é se balançar! Quase como uma fórmula mágica.
Você não precisará fugir dos problemas, porque eles que vão fugir de você, carregando junto a lembrança do dia cansativo que o fez sentir vontade de desistir de quase tudo,menos daquela pessoa, sim, essa mesmo que você acabou de pensar! Mas se ninguém veio a sua mente, isso faz tudo ficar mais triste ainda, então possivelmente você deverá se balançar mais de uma vez.

Bom, há constatações que depois de se balançar uma única vez você começará a sentir um sorriso leve.
Na segunda vez você estará  em cima de uma nuvem.
Na terceira você se transformará em uma alegre melodia do Vivaldi.
No caso do sentimento de tristeza permanecer no céu da sua boca, você precisará fazer até quando sentir isso passar.

Ontem eu comecei a me balançar às oito horas da noite.





E talvez nunca mais pare.

domingo, 27 de maio de 2012

Remendando a vida



Você nasce gritando ao mundo que a esperança ainda existe. 
Você morre sussurrando sobre a vida mal vivida. 


     O que nós seremos além de mortais em busca da tímida verdade? A verdade que se esconde no girassol que o instinto é a busca da iluminação; da árvore que dá frutos aos famintos; da lua solitária que é a lâmpada da noite. O que, além disso, é necessário para nós? Somos a eterno descontentamento moldado em matéria.  É as pessoas que não são amigas, o emprego que te irrita, a solidão sentada com você na mesa do bar. Por que será tão difícil fazer a coisa certa na nossa breve passagem? Nós passamos a vida inteira achando que estamos perseguindo a felicidade enquanto na realidade perseguimos nós mesmos. Poucas coisas eu ainda acredito. Acredito no amor, que está pouco e quase esgotado. Acredito na música para preencher os espaços da falta da alegria e transbordá-la quando ela estiver presente.  Mas afinal, o que será de nós? O que será de mim amanhã atravessando a rua imaginando qual é o motivo de todos estarem com tanta pressa? Nós temos o mesmo destino da morte, mas ainda podemos cultivar flores pela manhã.

A verdade é que não me basta a vida, eu quero ser a poesia.