João afagou seu cabelo e puxou levemente a raiz dos fios escuros da virgem com a delicadeza que o momento pedia. Ele mordiscava seu lábio como se quisesse dissolver migalhas de um pão, e a língua da moça enterrou-se sem jeito dentro de sua boca, sendo possível sentir o cheiro de vinho saindo de seus lábios como frasco de perfume aberto. Maria suspirava juras de amor enquanto seu namorado tirava suas vestimentas. Começou a tatear a geografia irregular do corpo de sua amante com os olhos revirados de desejo, em um rápido relance puxou a blusa da moça e foi possível analisar melhor o sutiã com detalhes em renda, que sentira minutos atrás ao deslizar a mão em seu corpo, com um pouco de dificuldade e impaciência conseguiu retira-lo. Eram duas peras maduras que se durassem mais uma estação passariam da validade para serem colhidas e provadas. O amante derreteu-se dentro da jovem, o seu suor juntou-se ao perfume barato da moça, as meias estavam jogadas no chão. A penumbra da janela refletia dois corpos enlaçados um dentro do outro. A jovem que na noite inteira balbuciou que se entregou, dormia com seu rosto virado para João. Ele que não declamou nenhum amor eterno deslizou a ponta de seus dedos em seus lábios, sussurrou um adeus e foi embora do quarto da virgem mental.

Lindo texto, muito profundo, li cada letra, cada vírgula, como se fosse uma frágil parte de meu ser.
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